quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Ternura

Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentado
Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...
É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta, muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar
[ extático da aurora.


Texto extraído da antologia "Vinicius de Moraes - Poesia completa e prosa", Editora Nova Aguilar - Rio de Janeiro, 1998, pág. 259.


Oração da Amizade

Imitando o Nelito, segue:


... reativando!!!!

A ideia é reativar o blog. Estou sentindo falta de escrever...

beijos, Pri

terça-feira, 21 de julho de 2009

Tratado do Amor

Considerando que tudo vale no amor e na guerra, fica decretado:

1º Todos os amantes, de qualquer sexo, ficam alertados que o amor,além de ser uma benção, é algo também extremamente perigoso,imprevisível, capaz de acarretar danos sérios. Consequentemente, quemse propõe a amar deve saber que está expondo seu corpo e sua alma avários tipos de ferimentos, e não poderá culpar seu parceiro em nenhummomento, já que o risco é o mesmo para ambos.

2º Uma vez sendo atingido por uma flecha perdida do arco de Cupido,deve em seguida solicitar ao arqueiro que atire a mesma flecha nadireção contrária, de modo a não se submeter ao ferimento conhecidocomo "amor não correspondido". Caso Cupido recuse tal gesto, aConvenção ora sendo promulgada exige do ferido que imediatamenteretire a flecha do seu coração e a jogue no lixo. Para conseguir talfeito, deve evitar telefonemas, mensagens por internet, remessa deflores que terminam sendo devolvidas, ou todo ou qualquer meio desedução, já que os mesmos podem dar resultados a curto prazo, massempre terminam dando errado com o passar do tempo. A Convençãodecreta que o ferido deve imediatamente procurar a companhia de outraspessoas, tentando controlar o pensamento obsessivo "vale a pena lutarpor esta pessoa".

3º Caso o ferimento venha de terceiro, ou seja, oser amadointeressou-se por alguém que nõ estava no reoteiro previamenteestabelecido, fica expressamente proibida a vingança. Neste caso, épermitido o uso de lágrimas até que os olhos sequem, alguns socos naparede ou no travesseiro, conversas com amigos onde se pode insultaro(a) antigo(a) companheiro(a), alegar sua completa falta de gosto, massem difamar sua honra. A Convenção determina que seja também aplicadaa regra do itém 2: procurar a companhia de outrs pessoas,preferivelmente em lugares diferentes dos frequentados pela outraparte.

4º Em ferimentos leves, aqui classificados como pequenas traições,paixões fulminantes que não duram muito, desinteresse sexualpassageiro, deve-se aplicar com generosidade e rapidez o medicamentochamado Perdão. Uma vez este medicamento aplicado, não se deve voltaratrás uma só vez, e o tema precisa estar completamente esquecido,jamais sendo utilizado como argumento em uma briga ou em momento deódio.

5º Em todos os ferimentos definitivos, também chamado "rupturas", oúnico medicamento capaz de fazer efeito chama-se TEMPO. Não adiantaprocurar consolo em cartomantes(que sempre dizem que o amor perdidoirá voltar), livros românticos (cujo final ésempre feliz), novelas deTV ou coisas do género. Deve-se sofrer com intensidade, evitando-sepor completo drogas, calmantes, orações para santos. Álcool só étolerado em um máximo de dois copos de vinho por dia.

Determinação final:

Os feridos por amor, ao contrário dos feridos em conflitos armados,não são vítima nem algozes. Escolheram algo que faz parte da vida, eassim devem encarar a agonia e o êxtase de sua escolha.

E os que jamais foram feridos por amor, não poderão nunca dizer:"Vivi". Porque não viveram.`

Autor desconhecido

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Qualquer coisa...

Estranho, estou estranha. Desculpe... sou estranha.
Completei, esta semana, 32 anos de existência, de vida. Sim, vida! Vida boa e repleta de presentes. Não digo presentes materiais e tangíveis. E sim dos intangíveis e eternos, atrevo até dizer que são imperecíveis.

Uma doce mãe. Repleta de atenção e carinho. A mãe que contribui e auxília, em qualquer época ou tempo. A doce mãe que tudo ensinou e mostrou. A mãe que tenho orgulho, pois todos gostam e elogiam. A mãe que todos lembram e enviam beijos.

O pai. Parece simples, né? O "pai"! Sim. Provedor, patriarca, centralizador, coerente, firme e sempre presente. Assim é o "papai". Correto, digno e presente. Não consigo imaginar um pai de outra forma. Talvez ele não tenha estado sempre lá, mas sabia que com ele podia contar. Aquele que dá significado, reflete e apoia, mesmo contrariado. E, me tendo como filha, existem contradições e idéias antagônicas. Imagino que não seja fácil ser meu pai (rss). Franqueza, sobriedade e amor.

Os irmãos. Não sei como definí-los apesar destes anos de irmandade. Afinal parece sempre ter um "quê" de contradições, incoerências e incompatibilidiades. Não há amor como dos irmãos e não concordo com eles em muitas coisas. Contudo há amor, um amor... que às vezes acolhe e também repele. Amor de irmãos. Acho que não construímos uma amizade, apenas o amor. Vivo sem eles, mas não gostaria de assim viver.

A outra família: os amigos!!! Amigos são importantes, pois estes foram eleitos no coração. Conhecem-me - até demais diria às vezes. Amigos confrontam idéias e atitudes. Amigos aconselham e apoiam. Repreendem quando necessário. E solidários, quase sempre. Amigos... poderiam considerar que são muitos, mas digo que são os necessários.

Há aquele que apoiam e incentivam na melhoria profissional e quem fazem você pensar (Atilio). E que despertam um carinho por idéias e juntos compartilha sonhos, ideais e sofrimentos políticos (Vinícius). Há aqueles que vivem o ideal da vida espírita e a importância de militar por um ser melhor. Que acreditam na recuperação da vida (Lina) e que esperam que a vida seja melhor. Não compreendem seus ideias, pois os considera estranhos (Bruno). Entre estes há os que também consideram os argumentos fortes e convincentes, mas optaram por outras idéias (Rodrigo). Ainda aquelas que consideram a vida uma dávida e o comportilhar dos afetos é fundamental para reformulação, amadurecimento e a vida do espírita (Silvia). Ainda existem os que cuidam eternamente (Alan) e que sentam sua falta (Germano). Existem aqueles que hoje são história (Jane e Camila) e que no coração sempre estão.

Ainda existe outros, singulares e que foram com o tempo. Ainda permanecendo a saudade...

A vida é boa. Repleta de felicidade, porém... falta algo. Falta algo, um "Quê"...

Tem uma música da Gal (Costa) de nome "Socorro" que diz:


"Socorro, não estou sentindo nada
Nem medo, nem calor, nem fogo
Não vai dar mais pra chorar
Nem pra rir

Socorro, alguma alma mesmo que penada
Me empreste suas penas
Já não sinto amor nem dor
Já não sinto nada

Socorro, alguém me dê um coração
Que esse já não bate nem apanha
Por favor, uma emoção pequena, qualquer coisa
Qualquer coisa que se sinta
Tem tantos sentimentos, deve ter algum que sirva

Socorro, alguma rua que me dê sentido
Em qualquer cruzamento,
Acostamento,
Encruzilhada

Socorro, eu já não sinto nada"



Parece isso...

Por gentileza, algo que valha a pena...

Priscila

terça-feira, 19 de maio de 2009

Strip-Tease

Novamente me deparo com um texto ou um ato que gostaria de ter feito, porém não fiz. Faltou coragem, simplesmente.
Acho que é assim...
Priscila

Strip-Tease
por Martha Medeiros
Chegou no apartamento dele por volta das seis da tarde e sentia um nervosismo fora do comum. Antes de entrar, pensou mais uma vez no que estava por fazer. Seria sua primeira vez. Já havia roído as unhas de ambas as mãos. Não podia mais voltar atrás. Tocou a campainha e ele, ansioso do outro lado da porta, não levou mais do que dois segundos para atender.
Ele perguntou se ela queria beber alguma coisa, ela não quis.. Ele perguntou se ela queria sentar, ela recusou. Ele perguntou o que poderia fazer por ela. A resposta: sem preliminares. Quero que você me escute, simplesmente.Então ela começou a se despir como nunca havia feito antes.
Primeiro tirou a máscara: "Eu tenho feito de conta que você não me interessa muito, mas não é verdade. Você é a pessoa mais especial que já conheci. Não por ser bonito ou por pensar como eu sobre tantas coisas, mas por algo maior e mais profundo do que aparência e afinidade. Ser correspondida é o que menos me importa no momento: preciso dizer o que sinto".
Então ela desfez-se da arrogância: "Nem sei com que pernas cheguei até sua casa, achei que não teria coragem. Mas agora que estou aqui, preciso que você saiba que cada música que toca é com você que ouço, cada palavra que leio é com você que reparto, cada deslumbramento que tenho é com você que sinto. Você está entranhado no que sou, virou parte da minha história."
Era o pudor sendo desabotoado: "Eu beijo espelhos, abraço almofadas, faço carinho em mim mesma tendo você no pensamento, e mesmo quando as coisas que faço são menos importantes, como ler uma revista ou lavar uma meia, é em sua companhia que estou".
Retirava o medo: "Eu não sou melhor ou pior do que ninguém, sou apenas alguém que está aprendendo a lidar com o amor, sinto que ele existe, sinto que é forte e sinto que é aquilo que todos procuram. Encontrei".
Por fim, a última peça caía, deixando-a nua"Eu gostaria de viver com você, mas não foi por isso que vim. A intenção é unicamente deixá-lo saber que é amado e deixá-lo pensar a respeito, que amor não é coisa que se retribua de imediato, apenas para ser gentil. Se um dia eu for amada do mesmo modo por você, me avise que eu volto, e a gente recomeça de onde parou, paramos aqui".
E saiu do apartamento sentindo-se mais mulher do que nunca.

Link: http://mais.uol.com.br/view/qgd90wma6gzo/striptease-martha-medeiros-04023268D0B90326?types=A&