quarta-feira, 18 de julho de 2007

Neoliberalismo, história e mudança

"...Tenho direito de ter raiva, de manisfetá-la, de tê-la como motivação para minha briga tal qual tenho direito de amar, de expressar meu amor ao mundo, de tê-lo como motivação de minha briga porque, histórico, vivo a História como tempo de possibilidade e não de determinação. Se a realidade fosse assim porque estivesse dito que assim teria de ser não haveria sequer por que ter taiva. Meu direito à raiva pressupõe que, na experiência histórica da qual participo, o amanhã não é algo pré-dado, mas um desafio, um problema..." (FREIRE, 1996: 75)

Começo este breve texto (ou pensamentos) com Paulo Freire, pois me deparei com um ideal que sempre cultivei. Afinal me concebo como um sujeito histórico (ou, para feminista: uma sujeita histórica) por crer e saber que posso mudar a minha história e a história a minha volta.

Creio na ação do homem na construção da história, do mundo e da realidade social. A realidade é algo construído e me preocupo como tem sido esta construção. Olho para os últimos acontecimendo nacionais e internacionais, e penso: "Onde tudo isso vai parar?".

Questiono-me como a humanidade pode ser tão desumana e podemos ser piores que os animais, que alegamos serem irracionais. Porém o que nos falta é de falta a racionalidade ou o sentimentos? A história humana nos mostrar o quanto evoluimos tecnologicamente e como hoje posso disponibilizar minhas idéais pela internet e ter um (amigo) leitor em Bélem [Oi, Pedro..rs]. E ter amigos em Paulo Afonso (BA), Petrolândia (PE) e outros lugares do meu maravilhoso nordeste que me lêem e acompanho minhas parcas e loucas idéias. Só que isso, este avanço tecnológico, não implicou na melhoria da vida e de conceber a vida enquanto bem, quanto um valor.

A lógica do mercado e do poder legisla nossas vidas e assim vivemos mediocremente o início do século XXI. E espero, sinceramente, que mudemos... lembremos:


Uma criança é brutalmente assinada ao ser arrastada por um carro; uma mulher é agredida por jovens em uma de divertimento ao quererem "zoar as putas" e um avião cai matando 188 pessoas e, especulo, que por má conservação da pista, do aeroporto, do serviço... [Outro acidente sem vítimas esta semana no mesmo aeroporto, porém devemos questionar a qualidade dos serviços ali e em outros aeroportos que nos são prestados...]

Fico pensando: em que momento todas essas coisas se conectam? Onde? Na falta de educação e na falta de valor a vida? Na valorização do status social? Ou no poder do mercado?

Em algum momento esses fatos, aparentemente isolados, devem se unir. Afinal somos apenas uma sociedade. E penso: que os jovens que arrastaram o menino e causando a sua morte foram acusados de menores. Enquantos os jovens que agrediram a emprega da doméstica acredito que esta fosse uma prostituta (e mesmo que fosse a prostituta. Eu já comentei sobre isso
aqui) foram defendidos por um dos pais como "um estudante". O que representa isso? Classes sociais diferentes? As ações foram diferentes? Um ato infelizmente é menor que o outro?

Lembro da declaração do pai que diz: não concordo com o que aconteceu, mas meu filho é um estudante. E lembro ainda a "massa"1 gritando a mortes dos "menores"2. Os dois atos são repugnantes e os qualifico da mesma forma!

E a vida segue, mas para onde? E de que forma? Continumo a me questionar: O que oferecemos ao mundo???

E ainda ofereço o meu melhor...



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1 A expressão massa é algo que não gosto ou cultivo, pois massa é um amotoado de coisas que começo, meio ou fim. Não há separação sendo tudo um bolo. A massa quando lincha, não há uma figura e sim algo sem descrição, pensamento ou volz.

2 A expressão melhor é utilizada para determinar a infração, o criminoso e normalmente é utilizado para filhos de classe baixa e pobres.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

3 comentários:

Citadino Kane disse...

Priscila,
Iremos aprofundar essa discussão, as incertezas são constantes...
Um mundo em mutação, o "mercado" hegemonizando mentes e corações, a mídia embala e vende o discurso de que tudo tem um preço(traduzido em moedas), viramos mercadorias...
Pais entregam suas filhas para serem "modelos" e o escambau... e tudo por um punhado de dinheiro...

Priscila disse...

... se vende filhas, filhos e os ideais (quando se tem!).
Agora como vender a dignidade? Como acreditar, crer que o mercado deve nos moldar a vida e os objetivos...?
Alguém pode me explicar como se vive bem e se deixa o vizinho, o menino da rua ou o mendigo viver na rua, sem prumo ou rumo?
Não consegui entender...

Citadino Kane disse...

Existe um mecanismo na psiquê que anestesia a mente e coração, parece que não é com a gente... o sofrimento do outro, não é humano... argh!