sexta-feira, 22 de junho de 2007

Re-encontrando emoções...

Hoje completam 20 dias que estou no sertão brasileiro, entre os estados da Bahia e de Pernambuco. Estou maravilhada com experiências que são únicas, inesquecíveis e inesperadas. Estou feliz por ter encontrado sentimentos que achava perdidos e não possíveis...

Fiz e reencontrei amigos. Vivi experiências que são únicas para mim. Re-encontrei sentimentos que supos ter perdido e abandonado. A vida se apresentou, mais uma vez, como inovadora e renovadora. E, de fato, do que eu falo?
Falo da felicidade de ver um pôr-do-Sol em que o Céu é o espetáculo! Em ver nuvens rosadas, uma serra ao longe e o rio, calmo e sereno. A lua despontando e iluminando o caminho. E as estrelas? As estrelas vibrantes e misteriosos que despontam para as possibilidades...

A oportunidade de conhecer pessoas que vivem uma realidade diferente da minha e que estão dispostas a desnudar suas vidas para que possa compreendê-la. Pessoas que vivem simples e alegremente. E que suas vidas são propostas concretas de superações das mais diversas adversidades.

Digo da felicidade de ver uma jovem, uma jovem mulher a frente da sua comunidade falando sobre justiça e preservação da vida. A jovem que apresenta a comunidade a necessidade de valorizar a mulher, o seu espaço e a sua luta. A vivência da prática cristã e política. [Está parte merece uma crônica especial e assim farei...]

E no momento que caí a suposta diferença entre a profissional e a pessoa, surge o sentimento de pertencimento, comprometimento e identificação onde o mundo se revela novo e renovador. É no instante que não sou mais a estrangeira e sim sujeito da minha história. É na hora que encontro sujeitos de uma história magnífica de luta, amor e preservação. A luta de mulheres e homens, de trabalhadoras e trabalhadores por terra, por vida e por dignifidade. Ouvir a história que mudou uma região e inovou a conquista dos trabalhadoras e trabalhadores atingidos por barragem. É, nesta hora, que me emociono e choro com as possibilidades humanas contra o progresso, o suposto progresso, que expulsa e ignora representações individuais, familiares e de uma comunidade pela modernidade. Modernidade que serve somente a poucos....

... e, surpreendentemente, reencontro sentimentos perdidos. E um certo olhar e sorriso me fazem pensar e sentir algo que há muito não sentia [por não me permitir, por não querer ou por ter medo de querer sentir...]. E, nos instantes que me perdi no olhar é que encontrei o que parecia não mais fazer sentido. Poucos minutos maravilhosos e inesquecívies, e, na hora da despedida, um "nó na garganta" que não consigo explicar.

A viagem que me rendou lágrimas de saudades; sorrisos e lágrimas de renovação; e gostinho de que preciso voltar, pois o sertão, o nordeste é o meu lugar.

Paulo Afonso (BA), 30 de Março de 2007.
Priscila Chagas.

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